TEXTOS
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL
Desde sua inauguração, o Centro Cultural Banco do Brasil vem incentivando e prestigiando os artistas plásticos brasileiros por meio da realização de exposições que privilegiam diferentes suportes, técnicas e estilos. Dentro dessa perspectiva, o CCBB apresenta a exposição DESORIENTE: O EU NÔMADE, que reúne fotos digitais do paulistano Leonardo Kossoy.
As fotos de Kossoy carregam o espectador e o fotógrafo numa desorientadora viagem ao redor de um mundo que é simultaneamente real e subjetivo, privado e público, descrição e poesia. Será Xangai um lugar geográfico ou uma idéia?
E Araraquara?
Sinuosa e não-linear, a organização das fotos propõe uma visão fragmentada, inquieta,inconstante,ou melhor:fotográfica.A visão de uma vivência nômade que se torna cada vez mais paradigmática de nosso momento. Dessa forma, nesta exposição, a fotografia é ao mesmo tempo meio e tema.
Com DESORIENTE: O EU NÔMADE, o Banco do Brasil reafirma seu compromisso com a diversidade cultural, incentivando e valorizando a arte brasileira em seus mais variados percursos.
CAROL ARMSTRONG
A exposição DESORIENTE: O EU NÔMADE, de vinte e duas fotos por Leonardo Kossoy, leva o espectador a uma volta ao mundo, do Oriente ao Ocidente europeu, do Hemisfério Sul ao Hemisfério Norte, de um deslocamento a outro, e do desabrigo de uma casa ao de outra (simultaneamente não se sentindo em casa em lugar nenhum, e fazendo de todos os lugares do mundo a sua casa, como o baudelairiano “pintor da vida moderna”). DESORIENTE encena uma viagem fotográfica com traços de turismo internacional e de diário ilustrado de viagem — formas pictóricas de uma economia global —, ao mesmo tempo que problematiza e desestabiliza esses conceitos. Percorrendo um trajeto sinuoso e não-linear, de uma série de fotos a outra, a mostra traz frente a frente a desorientação e o nomadismo em três instâncias primordiais: a subjetividade e o Eu (self); a fotografia e o olhar fotográfico; e a montagem narrativa da própria exposição. Na transição de um conjunto de fotos para outro, de um tema de viagem para outro, de uma capital para outra, e de uma perspectiva visual para outra, DESORIENTE lida com a concepção cultural de “lugar”, com o descentramento do Eu e com a movimentação da câmera dentro e fora, para cima e para baixo, para a esquerda, para a direita e para a frente, em foco e fora de foco, à luz do dia e na escuridão da noite. A exposição começa e termina com movimento: pernas que passam, num mercado em alguma parte do mundo, e uma revoada de pássaros, em algum outro canto do planeta. Entre uma coisa e outra, nos leva do paraíso tropical ao paraíso europeu, da cidade para o campo e de volta à cena urbana, e de uma interação social fragmentada a outra, continuamente (des)construindo a relação entre o olho móvel da câmera e o alvo móvel do “Eu” psicológico.